Roupas, laços, sapatos e afins. Seu pet mal chegou
em casa e já tem um guarda-roupa completo à disposição. Que os peludos
ficam graciosos com esses acessórios, não há dúvidas. Mas será que
tantos apetrechos atrapalham os animais ou, ainda, fazem mal à saúde
deles?
USO LIBERADO
Segundo Rodrigo Lamas Lopes, médico veterinário da Clínica Veterinária Tatuapé, o uso de roupas é relativo. “Em
animais sadios não há proibição. A restrição fica por conta daqueles
que sofrem com doenças de pele, como a dermatite, pois o acessório
diminui a oxigenação da pele e pode piorar o problema.” Se o seu pet se enquadra nessa condição, a roupinha deve ser utilizada esporadicamente,
apenas para rápidos passeios, e retirada assim que chegar em casa. Além
disso, o especialista aconselha a verificar se a pelagem está
totalmente seca antes de colocar a vestimenta. Os animais de pelagem
curta podem usar e abusar das peças, desde que mantenham a escovação em
dia, para não correr risco de se formarem nós, e o donoesteja atento ao
comportamento do pet. Sinais como inquietação ou imobilidade demonstram
desconforto. A intenção não deve ser podar a vida livre do animal;
então, nesses casos, aceite o fato de que seu peludo não gosta de
roupas.
TENDÊNCIAS DA MODA
Para deixar seu bichinho de estimação muito estiloso,
os fabricantes de roupinhas para pets ficam de olho nas tendências da
moda humana. Fabiana Leoni, da Griffe dos Bichos, conta que busca
inspiração principalmente no mercado japonês de moda. “Desenvolvemos
as peças com seis meses de antecedência e, para isso, fazemos muita
pesquisa. Em nossa coleção de inverno, já sabemos que as roupas terão
bastante vermelho, xadrez e animal print”, especifica. Para o
verão, a aposta são tecidos como a tricoline e a malha, com ênfase nas
cores verde-água e azul-turquesa. Já Rodrigo L. Müller, da Mascote,
afirma que é muito importanteinvestir em tecnologia para que as roupas
não causem desconforto. “Um exemplo é a linha esportiva elaborada em Dry-Fit”, completa o empresário, que aposta nas tendências europeias e dos EUA para lançar peças alegres e leves.
COMBINAÇÃO PERIGOSA
O esteticista animal Jonathan Skolimoski, de Santos-SP, alerta quanto ao risco do uso pouco comedido de roupas e acessórios em cães de pelagem longa. “Com
intenção de demonstrar afeto, os donos pecam pelo exagero. A roupa deve
ser utilizada em alguns momentos, como em passeios ou festas, não todos
os dias. Quando isso acontece, a pelagem fica repleta de nós”,
ressalta. Poucos estabelecimentos são especializados no chamado
“desembolo” dos nós e acabam por tosar completamente o animal. A partir
desse momento começa a descaracterização, pois, quando raspados, os fios
têm sua estrutura alterada. “Cães da raça Maltês, por exemplo, que
têm em sua essência pelos lisos e brilhantes, podem ficar com a pelagem
armada e até ondulada”, explica o esteticista. Skolimoski afirma
ainda que oschamados “cães de neve”, como o Husky Siberiano e o
Samoieda, já contam com proteção natural contra o frio. “São animais
que têm três camadas de pelos, suficiente para que sobrevivam a um
inverno rigoroso. Se a intenção ao utilizar roupas é aquecer o bicho,
não hápor que se preocupar. Eles ficam muito bem sem elas”, garante.
Assim, se você é avesso ao uso de roupinhas até durante as baixas
temperaturas, a dica é deixar o pelo do seu pet crescer para que, com a
pelagem natural, ele fique mais confortável. O ideal é que o animal
tenha acesso a ambientes fechados durante a noite, evitando correntes de
ar e intempéries. Quando estiverem dentro de casa, controle a
temperatura para o espaço ficar aconchegante.
CÃES MAIS SENSÍVEIS
Outro problema muito comum é a alergia a tecidos,
uma questão que independe da época do ano ou da temperatura local. E,
nesse quesito, cães de pele rosada têm maior probabilidade de apresentar
o transtorno, pois são mais sensíveis. Lopes conta que é alta a
incidência de alergia ao algodão, que vem acompanhada de uma série de
sintomas, como coceira, pápulas (áreas avermelhadas e redondas) e, em
casos mais raros, inchaço de lábios, olhos, orelhas eaté sufocamento.
Caso isso aconteça com seu pet, a sugestão é tirar a roupa do animal e
levá-lo imediatamente a um médico veterinário de
confiança. A alergia pode vir também devido ao uso de químicas na hora
da lavagem das roupinhas do animal de estimação. É comum cachorros
sofrerem com determinados produtos de limpeza, entre eles sabão em pó,
cândida e cloro. Por isso, o melhor é que as roupas dos pets sejam
lavadas com sabão neutro ou até sabão de coco.
CALÇADOS QUE PROTEGEM
Ao contrário do que muitos pensam, os sapatinhos não são acessórios prejudiciais
e podem até ser recomendados por veterinários em algumas situações,
como, por exemplo, após cirurgias nas patas ou dedos, pois evitam que o
animal lamba as cicatrizes ou que as bactérias tenham acesso ao local,
impedindo infecções. Outra grande utilidade dos sapatinhos é a proteção contra o chão extremamente quente.
Em dias de muito calor, um simples passeio noparque ou mesmo nas
calçadas pode causar sérios ferimentos e queimaduras nas almofadas das
patas (coxins). “Cortes, queimaduras, descolamento da pele dos
coxins, bolhas e feridas podem resultar em infecções, e a cicatrização
costuma ser lenta, em razão da constante pressão colocada na pata quando
o cão anda ou fica em pé”, explica Lopes.O especialista sugere que
todos os acessórios sejam apresentados aos poucos para os bichose que
eles sejam acostumados a utilizá-los desde filhotes. “A técnica de
reforço positivo é a melhor forma para acostumar um cão. A dica é
associar o fato de colocar roupa com uma recompensa agradável, como
passear ou ganhar brinquedos e petiscos”, ensina.
Fonte:http://revistameupet.com.br/higiene-e-cuidados/roupas-para-caes-usar-ou-nao-usar/382/#